Novo relatório executivo do CDP mostra o estado atual do alinhamento das empresas à TNFD
Análise de reportes de mais de 300 empresas revela que aspectos de Segurança Hídrica são os que apresentam maiores riscos e oportunidades financeiras de curto prazo, mas são os que mais necessitam de avanço.
A Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza, do inglês Taskforce for Nature-related financial Disclosures (TNFD) objetiva criar um framework para organizações relatarem e agirem em torno dos riscos relacionados à natureza, demonstrando como está relacionada ao desempenho financeiro imediato da organização para alterar fluxos financeiros globais pela preservação e regeneração de recursos naturais. Ela não será um novo modelo de reporte, mas um agregado das melhores ferramentas e materiais visando promover consistência a nível mundial para os reportes relacionados ao tema.
Este grupo é composto por 35 representantes de instituições de serviços financeiros e provedores de serviços de mercado, apoiado por um fórum multistakeholder que conta com mais de 200 organizações. As recomendações da TNFD serão lançadas em 2023
Buscando antecipar esta tendência, o CDP produziu um relatório focando em como as instituições financeiras que já reportam ao CDP seguem as futuras orientações da TNFD em seus reportes e como ajudar a incorporá-las. De cada questionário temático foram extraídas questões específicas que permitem uma análise aprofundada sobre a prática das empresas em relação ao seu desempenho ambiental. A seleção das questões foi feita considerando a definição dos quatro pilares da TNFD: Governança, Estratégia, Gestão de riscos e Métricas e metas.
A amostra analisou mais de 300 empresas distribuídas em 12 setores. Foram ao todo, 358 reportes, dentro dos 3 temas dos questionários, 19 de mudanças climáticas, 294 de segurança hídrica e 45 de florestas.
Alguns resultados importantes observados no documento, demonstram que o setor com maior projeção de impacto financeiro futuro causados por riscos florestais é o de alimentos, bebidas e agricultura, com um impacto estimado de US$ 44,5 milhões, seguido pelo de materiais com quase US$20 milhões. Do total reportado, as perdas provenientes de impactos negativos relacionados à commodities de risco florestal somam US$ 8,2 milhões e os riscos financeiros mapeados totalizam US$ 98 milhões.
Já em relação à segurança hídrica, trata-se de valores ainda maiores: US$1,2 bilhão de perdas e US$ 6,4 bilhões em risco, O setor mais impactado é o de materiais, estimado em US$ 407 milhões, seguido pelo setor de geração de energia (US$ 370 milhões). Dentre as principais ações de mitigação e/ou adaptação ranqueiam práticas de eficiência hídrica como reuso, reciclagem e conservação, além da busca por fontes alternativas.
É importante ressaltar que tais valores são subestimados, pois correspondem a uma fração das empresas respondentes. Mas, se por um lado os riscos financeiros são altos, as oportunidades também possuem um alto potencial de geração de valor. O montante estimado de ganho estimado proveniente das oportunidades mapeadas com relação às florestas é de US$ 1 bilhão, enquanto, para segurança hídrica, de US$2,8 bilhões. A maior parte das oportunidades mapeadas pode ser implementada em até um ano e sua maior parte foi identificada pelo setor de materiais, seguido pelo setor de geração de energia.
De modo geral, as questões relacionadas à segurança hídrica estão menos avançadas para os 4 pilares da TNFD em relação à Florestas. Observou-se que 45% das corporações desconhecem a origem dos recursos hídricos que consomem e 19% retiram de áreas sob estresse hídrico. Ainda, menos de um terço dos respondentes integra o tema hídrico no planejamento financeiro, avaliação de riscos, objetivos comerciais e organizacionais de longo prazo.
Para as empresas que se encontram no estágio inicial de identificação das dependências diretas e indiretas de suas atividades com os recursos ambientais e serviços ecossistêmicos, é de suma importância estimular que divulguem suas informações ambientais para que atinjam graus mais elevados de transparência.
Em relação ao setor financeiro, mais da metade deste não avalia a exposição de seu portfólio a riscos e oportunidades relacionadas a água e florestas, e estes têm a oportunidade de fomentar as empresas da economia real para colocar em prática essas recomendações e avançarem dentro da sua gestão corporativa nos temas ambientais, além da oportunidade de utilizar instrumentos de mercado para estimular melhores práticas ou avaliar a criação de novos instrumentos que podem fomentar a gestão desses temas.
Recomendamos conferir outros dados e informações no relatório, para subsidiar insights para a tomada de decisão. O documento traz, ao final um conjunto de recomendações focando especialmente no setor financeiro, visando auxiliar estes atores na montagem do portfólio, concessões de crédito e outras operações. Acesse o estudo na íntegra aqui.