Os eventos climáticos extremos têm sido cada vez mais recorrentes como calor extremo, enchentes, fortes chuvas, secas, incêndio florestais, entre outros. Diversas regiões do planeta são impactadas, especialmente as mais vulneráveis. Diante desse cenário, as mensagens científicas são claras: temos pouco tempo para planejar e executar ações que possam reverter os efeitos das mudanças climáticas. Para que isso seja possível, as ações devem ser mais ambiciosas, transparentes e baseadas na ciência, garantindo o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
O Acordo de Paris, assinado em 2015 pelas nações que fazem parte da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, definiu metas de mitigação, adaptação e financiamento. Assim, os países signatários devem cumpri-las para garantir que as ações climáticas ganhem escala e sejam implementadas mais rapidamente.
Para o cumprimento das metas, os signatários criaram mecanismos para fortalecer a resposta dos países às consequências das mudanças do clima. Um deles, são as Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDC em inglês. São compromissos voluntários assumidos pelos países que abordam temas como a redução de emissões de gases de efeito estufa, medidas para frear o desmatamento, entre outros. Esses compromissos são avaliados e atualizados a cada cinco anos.
Outro mecanismo é o Balanço Global, Global Stocktake em inglês, uma avalição coletiva de como está o progresso em direção as metas do Acordo de Paris. Para exemplificar, pode-se pensar na analogia das NDCs como o batimento cardíaco do Acordo de Paris, garantindo que as metas estejam vivas, e o Balanço Global como a visita ao médico, ou seja, um estudo sobre o que está dando certo, errado e o que ainda precisa ser feito.
O Balanço Global foi estruturado para avaliar três pilares principais: mitigação, adaptação e meios de implementação, incluindo tecnologia e financiamento. Além desses temas, também são levados como assuntos transversais às análises realizadas, a equidade e o melhor conhecimento científico disponível. Dessa forma, o ciclo das NDCs junto com o Balanço Global garantem que os países estejam engajados no combate às mudanças climáticas e atualizem regularmente seus compromissos. Assim, asseguram que estão fazendo o melhor possível para a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima. Além disso, a avalição coletiva do Balanço Global também servirá de base para outras ações climáticas implementadas por atores da economia real.
É importante que nesse processo estejam incluídos todos os atores da economia que não fazem parte oficialmente do Acordo de Paris, mas que são muito importantes na ação contra as mudanças climáticas. São eles: estados, cidades, empresas, organizações da sociedade civil, populações tradicionais e indígenas, entre outros.
Os resultados técnicos do primeiro Balanço Global mostram que não estamos no caminho para um desenvolvimento baixo em carbono. Ainda são necessárias transformações sistêmicas que devem basear-se em ações climáticas efetivas e transparentes. Assim, o Balanço Global deve servir como bússola para orientar um desenvolvimento resiliente em clima e de baixo carbono, sempre considerando as metas do Acordo de Paris, equidade, transparência e ação colaborativa.